OPINIÃO | Vitória 1×1 Bahia

O Bahia tem um time melhor, um elenco maior e mais coerente, com um investimento do Grupo City com contratações de jogadores ultrapassando os R$ 250 milhões nos últimos dois anos. O favoritismo era todo deles. Dito isto, vamos nos ater ao que faltou ao Vitória nessa final de Baiano que teve um resultado diferente em relação à temporada 2024.

AS DUAS FINAIS

O Vitória entrou muito recuado – mais uma vez – lá na Fonte Nova. Thiago Carpini respeita demais o adversário e parece que considera o rival uma espécie de Barcelona do trio MSN. E viajando um pouco aqui na maionese, não sei a que ponto esse respeito/admiração/idolatria que o próprio Carpini já falou sobre Rogério Ceni influencia como ele vai enfrentá-lo, seja pelo Vitória, Água Santa, Juventude ou Guarani de Campinas.

Pagamos caro pela postura ultra-defensiva e com duas falhas individuais tomamos 2 gols e só não ficou definido de vez o campeão ali, porquê Lucas Arcanjo defendeu um pênalti aos 5 min do segundo tempo. Já na partida de ontem, Carpini novamente entrou com o time errado e insiste com peças, que claramente não vem rendendo: Cáceres e Wellington Rato.

Um dos grandes erros dos treinadores brasileiros (por isso que estão queimados no mercado internacional) é esse negócio de criar hierarquias, quando não escalações por grau de amizade com jogadores. Raul Cáceres e Wellington Rato não vem jogando bem há um certo tempo e mesmo no jogo que precisaríamos vencer por 2×0 para ir pros pênaltis, esses dois abençoados foram mantidos.

Vimos novamente um primeiro tempo fraco, com duas finalizações fracas na meta de Marcos Felipe. Já no segundo tempo, ele corrige um dos erros (tira Cáceres e bota Claudinho), mas mantém W. Rato por uns 15 min do segundo tempo, quando o retira e coloca Fabri, no lugar. O Vitória cresceu na partida, mas está um time monotemático: Só vai à linha pra cruzar na área.

Foto: Victor Ferreira (ECV)

Não tem jogadas por dentro, de triangulação e tabelinhas e ninguém encosta quando Matheuzinho é acionado nessa faixa de campo. Há um excesso de exploração dos flancos do Vitória, e com o seu melhor cabeceador no banco: Carlinhos. Incoerência, a gente vê aqui. As duas boas cabeçadas, que enfim Janderson acertou, o goleiro Marcos Felipe salvou. E méritos para o goleiro do Bahia. 

Por falar em Janderson, ele teve ontem a sua melhor atuação pelo Vitória, principalmente quando foi deslocado para atuar na ponta esquerda, onde ganhou umas corridas e X1, quando conseguiu uns bons passes para finalizações de companheiros ou dele mesmo. Mas faltou o gol.

Bastou Carlinhos entrar e surgiu o gol. Num cruzamento de pé trocado, Claudinho lançou pro grandalhão da camisa 99, todos acharam que foi gol de Carlinhos, mas vendo agora nos melhores momentos, foi de Claudinho. Que por sinal, deu outro gás na lateral direita. Indo pro ataque, criando situação de linha de fundo, de ataque. Bem diferente do opaco Cáceres, que é o típico jogador nota 5. Mediano na marcação, mediano no apoio. Muito pouco pra ser titular ad infinitum no Leão.

WELLINGTON RATO

O Vitória gastou R$ 5 milhões no jogador de 32 anos e muita gente achou que estava vindo um Rivaldo, um Alex (ex Palmeiras e Coritiba), um Ricardinho (ex Corinthians). E ele nunca foi esse tipo de jogador. Teve uma baita passagem no Atlético-GO e uma meeira no São Paulo. Não entendi o frisson inicial da vinda dele e muito menos a paixonite de Carpine com ele. Lembra e muito o amor de Condé por Thiago Lopes na Série B 2023.

Para ser mais atual, ele está no mesmo naipe de Jean Mota. Muito apático nas partidas, não agrega em nada. No máximo acerta uma virada de jogo aqui e ali, um passe que não resulta em gol. Até agora não entregou o que muita gente esperava e nem justificou o investimento.

CONTRATAÇÕES ERRADAS E DEBATE DA SAF

O Vitória, através de Fábio Mota, logo após o jogo de ontem, voltou a falar da diferença de investimento do Bahia para o Vitória, como “justificativa” para a perda do título. Porém, o que poderia deixar tudo isso mais parelho (virar uma SAF também), a diretoria fingiu que queria ser (quando o fumo estava entrando na Série A de 2024) e assim que melhorou na competição e se salvou do rebaixamento, o assunto sumiu da pauta do clube. Nunca mais teve reunião dos Conselhos para tratar sobre o tema e nem a gente vê o clube mover uma palha para trazer um investidor.

O Bahia (Grupo City) gastou R$ 18 milhões apenas com Erick Pulga. O Vitória, que fica chorando miséria, sempre de pires na mão dizendo que não tem dinheiro, gastou os mesmos R$ 18 mi, somando Janderson (R$ 5MI), Wellington Rato (R$ 5MI), Lucas Braga (R$ 5MI) e Fabri (R$ 3,5MI). E aí quem foi mais eficiente? Nenhum desses quatro têm a capacidade técnica de Erick Pulga. Mas o Vitória sempre prefere a quantidade à qualidade. Então fica difícil mesmo competir, quando o pouco dinheiro que tem gasta com jogador meeiro.

Das duas, uma: Ou o Vitória foca em se tornar uma SAF e buscar um investidor com Know-How, para poder ter bala na agulha, para investir no time de futebol e até mesmo se proteger para não perder seus atletas para os times, inclusive dos médios, que já são SAF, pela força do dinheiro. Ou se contenta, sem reclamar, em continuar sendo clube do tipo associação. Porém, que se profissionalize todo o seu departamento de futebol, para evitar gastos elevados em jogadores que pouco contribuirão para o que pedem as competições.

Não dá pro Vitória continuar improvisando Manequinha como diretor de futebol. Um jovem desqualificado para a função – e a prova está aí: Desde julho do ano passado que ele tenta trazer um centroavante e não consegue. Só nos 2 últimos meses, cerca de 10 nomes foram tentados, nenhum foi anunciado. Fora as outras posições que estamos carentes, como MEIAS e PONTAS.

Está claro que os REFORÇOS SÃO URGENTES neste elenco do Vitória. Do meio pra frente só temos Matheuzinho, que é uma ilha de talento. Não temos reserva para ele e nossos pontas vivem de lampejos. Não são fortes no X1, nem em finalização e também nas tomadas de decisão no terço final do campo!

Do meio pra frente o Vitória é muito fraquinho e deve passar um perrengue desgraçado na Série A, que começa neste sábado, contra o Juventude, lá em Caxias do Sul. Tem que contratar. Tem que dar um jeito. Ou então vai ser a mesma tormenta do ano passado e desta vez sem um atacante salvador como o Alerrandro.