Já me posicionei em grupos de whatsapp sobre o que penso o que pode ser a solução para o Vitória e sua evolução como clube, porém acho que nunca expus aqui no site ou em outras páginas minhas. Decidi externar aqui. Enfim, como o título sugere, sou favorável ao clube se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), porém não todo e qualquer modelo e é isso que pretendo discorrer neste texto.
É claro que o que vai nortear qualquer torcida para ser a favor ou contra “disso” ou “daquilo” são os resultados em campo. Quem discorda disso está querendo fugir de uma realidade. Se o Vitória fosse um Clube modelo Associação, com os resultados de campo e de gestão do Flamengo ou do Palmeiras, obviamente que eu teria mais resistência de se tornar SAF, até pelo fato de que o modo associativo nesta situação supracitada, estaria dando resultados e a diretoria estaria fazendo por onde merecer tal confiança em permanecer com o mesmo perfil de clube.
Só que em tratando de Vitória e sua história, tirando o primeiro período de Paulo Carneiro à frente do clube (fim dos anos 80 até início dos anos 2000, cerca de 16 anos mais especificamente), o Vitória sempre foi modo associativo, sempre brigou contra o rebaixamento na Série A e sempre ficou com o discurso do “pires na mão” para justificar contratações fracas, mesmo quando algumas delas foram até onerosas, porém, sem resultado prático no campo de jogo. E eu cansei desse papo, cansei dessa conversinha conveniente, às vezes falaciosa, mentirosa e que esconde, na verdade, a incompetência das diretorias do Vitória em dar um upgrade do clube para o seu torcedor.
Acreditei e dei voto de confiança em Fábio Mota após o término da temporada 2023, quando o clube foi campeão nacional pela primeira vez, com o título da Série B, depois de um primeiro semestre desastroso. Vi com a correção de rumos feitas por ele e seu diretor de futebol, à época, Ítalo Rodrigues, algo que lembrou o Fortaleza do competente, inovador e exemplar (até o presente momento), presidente Marcelo Paz.
Todavia, na temporada 2024 a diretoria errou feio em manter mais de 80% do elenco da Série B e os contratados vieram para ser os suplentes dos mesmos, não para qualificar o elenco, tirando uma peça ou outra. Novamente a correção dos rumos foi feita no meio da temporada, o time se recuperou, se livrou do rebaixamento e até conseguiu a vaga para a Sulamericana.
Só que isso ainda é muito pouco para a torcida do Vitória, que finalmente passou a viver o clube mais intensamente. Somos mais de 42 mil sócios (nunca tínhamos passado dos 15 mil), compramos todas as camisas oficiais lançadas de 2022 pra cá e não só apenas o Padrão 01. Aumentamos nossa presença e média de público e, por isso mesmo, queremos voos maiores.
Novamente estamos disputando um Brasileirão com um elenco bem abaixo do que uma Série A exige, já com vários clubes endinheirados e algumas SAF’s poderosas. Mais uma vez estamos na rabeira da classificação e com um horizonte de pouca esperança por uma competitividade mais digna. E analisando o contexto macro do futebol brasileiro cheguei a conclusão que com o atual modo associativo e com os dirigentes, potenciais dirigentes que temos (as pessoas que começam a lançar seus nomes na eleição deste ano), somado aos “eternos cardeais” do Clube, famílias que se alternam no poder do Clube desde a sua fundação em 1899, o Vitória vai ser sempre isso aí:
BRIGAR CONTRA REBAIXAMENTO NA SÉRIE A, ser eventualmente rebaixado; brigar para voltar para a Série A; ganhar campeonato estadual e aventurar ser campeão do nordeste. Nada mais que isso!
Quando a gente chega na Sulamericana, por exemplo, o clube sempre dá um jeito de não levar a competição internacional a vero. Fizemos 3 partidas em casa na atual edição da Sulamericana e não vencemos nenhuma: 1 derrota e 2 empates. No ranking continental estamos na 256ª colocação e isso é uma vergonha. Um clube de mais de 120 anos ser tão inexpressivo no continente, tendo a história que temos, tendo revelado vários craques para o futebol brasileiro e mundial como Bebeto, Dida, David Luz, Vampeta e Hulk, dentre outros.
Cansei-me deste ciclo vicioso. O Vitória tem um enorme potencial, uma infraestrutura top e que FÁBIO MOTA vem modernizando mais ainda, isso é fato. NÃO NEGO! Entretanto, no carro-chefe do clube ele vem fazendo os mesmos erros de seus antecessores. Não conhece o mercado da bola, insiste em ter Manequinha como diretor de futebol, um rapaz jovem, mas inexperiente e sem lastro para ganhar negociações por jogadores de melhor qualidade, muito menos de prospecção. O tal Setor de Inteligência do clube é uma piada. Um setor que aprova os quase R$ 50 milhões gastos pelo Vitória somando as contratações de 2024 e 2025 e o resultado prático que os jogadores vem dando, não pode ser considerado motivo de orgulho.
Por isso sou completamente favorável a uma SAF. Porém, que seja do estilo Multiclubes, como a do Botafogo e a do Bahia, com grupos com know-how no mercado. Sou contra essas SAFs de milionários e bilionários que construíram suas fortunas em outro nicho empresarial e estão se aventurando no futebol, a exemplo da SAF do Cruzeiro e a do Santa Cruz (que está em fase de implantação). E muito menos sou à favor das “safs de mentirinha” tipo a do Fortaleza, onde o CEO é o próprio Marcelo Paz, e que basicamente só serviu para esvaziar os demais poderes do clube como Conselho Deliberativo e Fiscal, além de ser uma forma bonitinha de se manter indefinidamente no Poder, sem ser retirado pela torcida via votação.
Há vários grupos que trabalham com SAF’s e já tem um currículo extenso no futebol, como o grupo Fenway Sports Group (FSG), que controla o Liverpool; o próprio Grupo City; o Qatar Sports Investiments (QSI), que gerencia o futebol do PSG e o Eagle Football Holdings (que controla o Botafogo-RJ, o Lyon da França e o Crystal Palace, da Inglaterra). É este tipo de SAF que sou à favor. Não qualquer endinheirado, não qualquer empresa – e sim – uma que já tenha estrada e como ser avaliada na prática.
Para mim, só assim, “terceirizando” ou “privatizando” o setor de futebol, para um desses grandes grupos, com foco não apenas no lucro de vendas de jogadores, mas tendo metas esportivas traçadas e investimentos anuais bem pontuados no contrato, e que ele seja bem amarrado com todas as cláusulas de proteção ao clube, é que acredito que fará o VITÓRIA mudar de patamar. Não acredito mais no modelo associativo para o EC Vitória, principalmente com a influência dos cardeais nos bastidores.
A verdadeira e definitiva profissionalização do Vitória só virá com uma implantação correta, séria e responsável de uma SOCIEDADE ANÔNIMA DE FUTEBOL. Esta tem que ser a bandeira de todo torcedor que quer ver o VITÓRIA brigando por título de Copa do Brasil, Sulamericana, participar e bem de Libertadores, competir na parte de cima do Brasileirão e até mesmo sonhar com o título.
