CANSEI-ME DESTA GANGORRA RUBRO-NEGRA

Já dizia Cazuza: “Eu vejo o futuro repetir o passado”.

Vem aí mais um rebaixamento melancólico? Assim parece ser o destino do Vitória nesta Série A 2025. Mais uma vez, o clube se repete nos fracassos após temporadas com bons momentos, em que empolga a torcida, mas quando ela começa a vislumbrar um crescimento mais duradouro, o próprio clube se sabota. O que estamos vendo este ano já vimos, por exemplo, nas temporadas 2010 e 2014, para ficar apenas nos casos “mais recentes”.

Em 2010, o Vitória vinha de acessos seguidos, saindo da Série C ao final de 2006, da B em 2007 e retornando a elite em 2008, temporada que ficou marcada pelo Baianão “Senta que é de Menta”, com shows de Marquinhos, Rodrigão e Ramon Menezes e de uma campanha muito boa na elite, sendo G4 e até líder em algumas rodadas do primeiro turno. No returno teve uma oscilação, mas o time terminou na faixa intermediária, sem risco de rebaixamento.

Foto: Estadão

Em 2009, mais um estadual, com Leandro Domingues, Neto Baiano, Jackson, Viáfara, Ramon e Victor Ramos como protagonistas. Mais uma Série A relativamente boa, sem risco de rebaixamento e a manutenção de um time base de um ano para outro parecia ser a tônica, e que em 2010 seria melhor. Isso até ficou mais evidente, ainda, com a campanha da Copa do Brasil, em que o Leão chegou na final contra o Santos. Para variar, pra lembrar o ano de 2004, após o revés na Copa do Brasil, o time se perdeu no brasileirão e sofreu o rebaixamento. Em 2004, nem mesmo tendo Edilson, Vampeta, Obina, Magnum e Cleber Santana foram capazes de evitar aquele fim trágico de campeonato.

Em 2013, o Colossal fez uma campanha top no Brasileirão, 5º colocado, futebol bonito: Marquinhos, Maxi Biancucchi, Dinei, Escudero, Juan (lateral esquerdo), Ayrton (lateral direito), Cáceres (meia), Renato Cajá. A torcida esperava um 2014 ainda melhor e…Patacoadas em cima de patacoadas, que culminou em novo rebaixamento, com um elenco bem fragilizado em relação ao baita visto no ano anterior.

Corta para a metade da segunda década do Século XXI – Serie C 2022, subimos depois de flertarmos com a Série D, de ter apenas 2% de chance de classificação para o octogonal final. Vencemos esta guerra. A Série B 2023 que ninguém esperava um acesso imediato, subimos como campeões. Primeiro título nacional do clube, momentos mágicos no Barradão e no Aeroporto 2 de Julho. Se aquele time não tinha um futebol vistoso e marcante, pelo menos compensava com MUITA RAÇA, FOCO, DISPOSIÇÃO FÍSICA E LAMPEJOS TÉCNICOS DE OSVALDO, MATHEUZINHO, LÉO GAMALHO, GEOVANNI AUGUSTO e WELLINGTON NEM.

Vem 2024 e voltamos a ganhar o Estadual, com direito a duas viradas em 3×2 sobre o Bahia, sendo o da final o momento ápice e inesquecível, pois até 21 minutos daquele segundo tempo, o Bahia tinha 2×0 no placar e levava uma imensa vantagem pro confronto da Taça, na Arena Fonte Nova. Mas Mateus Gonçalves entrou iluminado, marcou dois gols e no último ataque ZECA cruzou na medida para IURY CASTIGO castigar o rival. Vitória 3×2.

PRIMEIRO SINAL DA GANGORRA – Vem o Brasileirão e o time começa muito mal, perdendo vários jogos em sequência, sendo presa fácil no Barradão. Acaba o vínculo de Condé com o Leão, vem Carpini e nada muda…Até chegar perto do fim do primeiro turno. A grande reviravolta deve ter começado a partir da rodada 15 ou 16 e se consolidou no segundo turno, quando o time, enfim, encaixou e o Vitória fez campanha de G6, não foi rebaixado e ainda pegou a vaga sulamericana.

Porém, em 2025 tudo deu errado e agora estamos vendo um iminente rebaixamento, num dos piores anos da história. Não ganhamos nenhuma competição, pelo contrário, fomos vergonhosos em todas e até aquele time brigador, com “tesão” em campo se foi. Vemos um Vitória apático, sem criatividade, sem ideia de jogo e tal qual em 2010, com um interino tapa-buracos e incompetente para a reviravolta.

Não sei vocês, mas eu já me cansei deste ciclo vicioso do clube, deste loop infinito. O Vitória parece ser o time que mais gosta de sacanear sua torcida. A gente nunca pode pensar num Vitória crescendo com durabilidade e no longo prazo. O clube sempre se esforça para nos despedaçar, sempre se autossabota. Será que virando uma SAF coerente e profissional, essa pecha de clube gangorra pare? Eis a questão!

Foto de capa: Marcelo Gonçalves